Amy

Hoje tenho 40 anos e 3 anos de divórcio do único homem que conheci na vida. Ele me assediou com 11 anos de idade, era meu vizinho e colega de escola, e 7 anos mais velho que eu. Ele com 18 anos me “cercava” na volta da escola para ter conversas sobre menstruação, sobre se eu sabia o que era sexo, se minha mãe já havia me levado ao médico, conversas completamente inapropriadas para a minha idade. E aos 11 anos, quando minhas amigas começaram a beijar (provavelmente um “selinho” num coleguinha de sala), ele me deu um beijo adulto: de língua, saliva e mão no peito. Aos meus 14 anos (ele com 21) começamos oficialmente a “namorar” – e logo depois a transar. Ele me dominava completamente. Afastou-me de meus pais, meus amigos, roubou minha infância e minha vida. Eu só conseguia ver esse homem na minha frente.
Aos 18 engravidei. Ele prontamente propôs um aborto – se “eu” quisesse, claro. Levou-me ao médico, conseguiu o dinheiro, conseguiu o lugar, levou-me e buscou-me. E uns 2 meses depois, terminou comigo.
Seis meses depois, voltou a me procurar, propondo noivado, casamento, pois não conseguia viver sem mim. Tem uma palavra em inglês para isso: enticement – persuasão. Eu aceitei.
Dois anos depois de nosso casamento, ele sofreu uma denúncia de pedofilia da filha de seu padastro, de quando ele morava na casa da mãe. Ele chorou muito, inclusive na frente do padastro, disse que nunca aconteceu, que ela estava errada, e algum tempo depois, a coisa tomou outro rumo, ela disse que se “confundiu”.
Durante nosso casamento, fiz muita coisa que não queria, mas para agradá-lo. Sexo no carro, no cinema, em locais públicos, de várias maneiras, muitas delas degradantes. Eu sentia uma certa ressaca moral depois, mas, hey, ele era meu marido, não? Eu não estava sendo imoral, apenas atendendo aos desejos do meu homem, afinal, dentro de 4 paredes, tudo pode…
Levei muito tempo para ter coragem de engravidar. Já tínhamos 10 anos de casados quando engravidei de uma menina, amor da minha vida.
A partir daí, nosso casamento ruiu por completo. Acho que como ele deixou de ser o centro de minhas atenções – e desde o incidente da filha do padastro meu interesse nele foi diminuindo, culminou no momento em que ele saiu de casa ha 3 anos atrás.
Hoje eu vejo tudo muito diferente. Tenho 40 anos e uma filha. Eu tinha dois anos a mais do que ela tem hoje quando um rapaz de 18 anos me beijou de forma adulta e lasciva. É nojento e precoce, e muito subjugante… Não é normal, e é um abuso, pois sempre haverá o predomínio do homem. É desigual, desequilibrado.
Hoje sinto que fui abusada. Mesmo durante o casamento, mesmo com a moral baixa, eu nunca me senti assim, sempre pensei que tudo o que eu fiz, eu fiz consciente e fiz porque quis.
Hoje sinto que fui abusada pois as coisas que fiz não foram conscientes. Eu era controlada. E era cega. Mas agora eu vejo, e não gosto do que vejo. Não gosto de como me sinto. E não vejo futuro para mim. Sinto que estou “estragada” e que nunca mais n a minha vida terei um outro relacionamento, pois não confio em ninguém e não consigo dar valor a homem nenhum. Estou com raiva deles.