Julia

Na minha turma fizemos um cartaz sobre comentários machistas, e no começo resolvemos escrever o nome das pessoas que falavam esses comentários, mas logo na primeira vez que fizemos isso , os meninos começaram a nos atacar falando que era invasão de privacidade.E oque me chocou mais foi que a frase dita “mulheres são objetos” foi totalmente ignorada , porque a questão principal era a reputação dos meninos.

GB

I was in a school trip with many of my friends, every night we would scape our rooms and go party in someone else’s room. I was sharing my bedroom with my two best friends and one night they convinced me of going to their boyfriend’s room. When I got there, thinking there would be lot of people, there was only three guys, my friend’s boyfriend, a guy my other friend had a thing with, and this one guy who wanted to hook up with me. I didn’t want to be there, but eventually they convinced me to stay. My friend went to the balcony with one of the guys and the other went to the bathroom with her boyfriend, leaving me alone with one guy. We talked and there was a moment that we started to make out, but I didn’t like it, he tried to force to do things that I didn’t want to and I just wanted to get out of there. I tried to convince my friends to go back to our room and I couldn’t tell them why a I wasn’t comfortable because the boys were listening, so they told me we had to stay because they wanted to spend the night there and I couldn’t go back on my own, because the hotel was in the middle of the woods and it was dangerous to go back alone. I then asked to share a bed with one of the girls, but they wanted to be with their guys, so I had to sleep with the guy I was making out before. I was afraid of sleeping close to him, so I laid down on the edge of the bed, trying to stay as far as I could from him. I was so tired, that I finally fell asleep. When I woke up, I felt my hand on his dick, and he had his own hand on top of making making movements, his other hand was inside my bra. I was so in shock I couldn’t scream, or say anything to him. I got up, woke my friends up, and told them it was time to back to our room. I couldn’t sleep for the rest of the night and during the day I was very distant, my friends knew that something had happened, but I didn’t want to tell them, I was ashamed, I thought it was my fault, and maybe it wouldn’t have happened if I wasn’t in his room in the first place. Yeah, maybe it wouldn’t , but it was his fault, because me being there, doesn’t give him the right to do that, and that is still assault, and it is still a crime, and I realize that now.

ell

Uma vez, vi no computador do meu pai, em uma das janelas, um pornô “dad and daughter” e isso me incomodou demais, tanto que só agora, anos depois, lembrei disso e decidi falar sobre. Talvez a intenção dele fosse só ver meninas mais novas, e de toda forma ele está redondamente errado e elipsado pela cultura machista intrínseca nele. De toda forma, hoje me cuido o dobro em relação a todo e qualquer homem. Dentro e fora de casa.

Beatriz

Eu estava andando com a minha namorada na rua em que morávamos e ao cruzarmos com um senhor que devia ter uns 85 anos, ele agarrou minha virilha. Eu estava tanto em estado de choque, que a única reação que consegui ter foi xingá-lo. E este o senhor ainda fez uma pose como se estivesse querendo me enfrentar. Depois eu me senti envergonhada, impotente, desrespeitada, inferior e sem direito nenhum ao meu próprio corpo.

G.

Eu e as minhas amigas estávamos no bar hipódromo da Gávea, no Rio de Janeiro. Era uma segunda-feira a noite. Estávamos bebendo uma cerveja e jantando enquanto havia um diluvio la fora. Chovia bastante e o BG estava muito vazio. De pessoas nas mesas, só teríamos nós sentadas. Éramos 4 amigas sentadas nas mesas da varanda. Do nada, vejo um homem debaixo da chuva fazendo algo que eu não conseguia bem identificar, era estranho…estava se masturbando olhando para nós. Teria seu pinto de fora, estava bêbado e olhando para nós…sorrindo. Olhamos para nos outras e não acreditávamos aquilo que via. Ficamos chocadas. Era um dos taxistas do tal ponto do BG…triste saber que já peguei um daqueles taxis, que talvez pudesse ter sido ele. Esse medo, vivo todos os dias naquela cidade, andar sozinha a noite está fora de questão em uma cidade como aquela. É um dos grandes medos que mulheres vivem diariamente.

TPM

Olá, Uma das coisas que mais me incomoda é o termo TPM utilizado com tanta banalidade, muitas vezes em situações onde tenho que me posicionar, são automaticamente interpretados como:”você está na TPM, com certeza! Por isso vou releva oque você está dizendo”. E não é para relevar não! É para considerar porque em 99.9% desse tempo, eu não estou de TPM e isso tem sido usado contra nós. Como justificativa para não nos dar voz ativa.!!!!

Clarence

Estava andando na rua, indo encontrar minha prima, passou um homem passou ao meu lado e falou:” Deixa eu ver sua bucetinha cabeluda”. Eu tinha 12 anos. Outra vez, eu estava chegando na minha escola, tinha uns 16 anos, um homem falou “olha a calcinha dela toda enfiada”.

Il

Um colega passou a mão pela minha bunda várias vezes. Quando uma vez eu criei coragem e virei pra ele ele disse “desculpa foi sem querer”. As vezes quando penso nessa experiência tento de convencer inconscientemente de que estava imaginando. É preciso muito esforço pra me lembrar diariamente de que isso aconteceu sim comigo.

Carla

Sempre que chego a pé em casa tento manter uma chave ou um guarda chuva empunhado. Andar o mais rápido possível, principalmente se já não há mais luz do dia. Andar a pé sempre foi sinal de alerta. Perguntei ao meu namorado se ele já teve essa preocupação e ele disse não entender a minha.

Júlia Assis

Nessa semana, fui aos Correios, que ficam a 300m da minha casa em São Paulo. No caminho, em um intervalo de 5 minutos, um homem em uma moto e um motorista de caminhão buzinaram e olharam para mim. Isso acontece praticamente todas as vezes que ando na rua, independentemente da roupa que eu esteja vestindo, do meu peso ou da minha forma física. Somente quando eu estava grávida isso não aconteceu. De uns tempos para cá, comecei a ter a reação imediata de olhar diretamente no rosto da pessoa e levantar o dedo médio. Sei que é um gesto vulgar, mas é o gesto que eu acredito que comunique nesse espaço de tempo tão curto entre ouvir uma buzina, olhar e reagir. Esse é o relato de coisa que acontece todos os dias. Fora isso, ao longo da minha vida, fui assediada pelo dono do escritório em que trabalhava como estagiária de Direito com 19 anos, que me disse que minha boca era maravilhosa e me convidou para jantar, me abraçou quase conseguiu beijar minha boca. Já fui assediada pelo diretor de um filme educativo que fiz aos 16 anos. Sob o pretexto de que precisava comer algo, enquanto me dava uma carona, ele parou em um restaurante chique em Salvador, pediu vinho para ele, pediu entradas, começou a falar como eu olhava para ele, etc, sentou no meu lado, beijou meus olhos, e eu simplesmente estava congelada. Aos 23 anos fui vítima de relacionamento abusivo com um homem 16 anos mais velho que era meu chefe, que chegou a me dar um tapa no rosto.